Será o fim?
- Bia the Dog
- 17 de mar. de 2020
- 6 min de leitura
Atualizado: 9 de abr. de 2020
E já perceberam a relação que tenho com a Bia é inexplicável. É uma devoção mútua que nunca experienciei até então.
E como é de calcular as separações são mais difíceis do que o normal.
Em Agosto de 2019 tive de ir para fora quatro meses, e a minha ida não foi fácil para nenhuma de nós. Enquanto eu estava em fase de preparação a Bia ficou bastante alterada e infelizmente mordeu uma cadela que estava connosco em FAT há já dois anos, contudo depois de devidamente socorrida a cadela ficou ótima e passado uns meses arranjou uma família impecável.
Estive fora os quatro meses e quando voltei foi uma alegria imensa! Mas nem tudo estava bem! A Bia estava com o que parecia ser uma infeção urinária, bem chata porque mesmo com os antibióticos teimava em não passar.
Em Janeiro tive de ir para fora novamente e fiquei um mês e meio ausente, porém quando cheguei a casa a Bia tinha perdido 7kg e estava com dificuldades a urinar. Todas estas saídas foram muito stressantes para ela. Demais atrevo-me a dizer.
Logicamente fui logo para o veterinário onde lhe foi diagnosticada uma infeção urinária. Nessa altura através do ecógrafo viu-se algo anormal na zona da bexiga mas segundo os veterinários, na altura nada de urgente.
Primeiro trataríamos a infeção e depois iríamos avaliar a massa.
Passadas quase duas semanas o tratamento ainda não tinha terminado e a Bia estava nitidamente pior.
Voltei ao veterinário que desta vez informou que pela ecografia viam uma massa na uretra o que era um dead line, pois na uretra não há rigorosamente nada a fazer.
Entrei em pânico!
Uns dias depois ela deixou de conseguir urinar e teve de ser internada e algaliada.
Saiu um dia após com uma cirurgia de diagnostico marcada para dois dias depois.
As ultimas 24 horas antes da cirurgia foram horríveis. Ela deixou de urinar e às cinco e meia da manhã estava eu no Hospital Veterinário do Restelo, umas horas antes da cirurgia, para a internar novamente, desta vez no Veterinário onde seria realizada a cirurgia de diagnóstico.
Infelizmente as minhas experiências com o Hospital Veterinário do Restelo ao longo da vida não foram as melhores mas como tinha sido referenciada pelo nosso veterinário, e como não sou veterinária, deixei que fosse lá. Foi um erro GIGANTE!
Hoje arrependo-me imensamente.
Cheguei lá com a Bia em nítido sofrimento, a urinar apenas gotas sangue, para que lhe dessem algo para as dores e esvaziassem a bexiga pois uma bexiga rebentada é uma sentença de morte.
Sei que estamos a viver uma fase difícil por causa do Covid-19 contudo não havia ninguém à espera, mesmo assim tive de aguardar uma hora até que alguém realizasse a urgência.
A cirurgia estava marcada para o meio-dia mas segundo o veterinário X, e dado o quadro clínico dela, iriam antecipar para as 9h da manhã de modo a conseguirem posteriormente dar algo para as dores e colocar uma algália mantendo-a o mais confortável possível.
Qual não foi o meu espanto quando as 14h30 me ligam a dizer que a cirurgia tinha corrido bem e que poderia ir buscar quando quisesse.
Resumindo, ela teve à espera de conforto das 5h30 da manhã até ao meio dia, seis horas e meia.
No telefonema disseram-me que não havia nada a fazer para além do abate. Dado o que foi visto durante a cirurgia de diagnóstico. Podem imaginar como é que eu fiquei.
Perguntei se ela não deveria ficar lá de forma a manterem a cadela o mais confortável possível enquanto se avaliavam as possibilidades.
Disseram-me que não!
Mal cheguei lá entregaram-me a Bia algaliada, uma seringa e um “passe bem”.
Nunca tinha visto uma algalia na vida quanto mais tratar de uma, pelo que pedi para falar com o veterinário que lhe fez a operação, porque primeiro deveria ter sido ele pessoalmente a dar a alta da Bia e segundo achei que não havia ninguém melhor para explicar como deveria fazer com a algália do que o médico que a colocou, no entanto isto foi-me negado. Pelos vistos o Dr. X estava muito ocupado para falar com a dona de um animal em estado terminal.
Pedi também que me ensinassem a esvaziar a algalia e disseram-me que como tinha sido referenciada de outro veterinário não o iam fazer, que se eu quisesse, que fosse ao outro veterinário para me explicarem.
Passo a explicar isto por tópicos:
- no Restelo fizeram uma cirurgia à Bia e algaliaram
- no Restelo recusaram-se a falar comigo para me explicar os cuidados pós cirúrgicos
- no Restelo recusaram-se a ensinar como é que eu esvaziava a algalia que ELES colocaram - - contudo no Restelo obrigaram-me a pagar quase 350€ para fazerem uma cirurgia de urgência bem como uma biópsia, biópsia essa que tinha uma imensa urgência e que passados 5 dias ainda não tinha os resultados
Resumo: tudo isto é surreal
Fui para o veterinário onde ela estava a ser seguida e a experiência foi aterradora.
Entrei logo e explicaram-me como é que eu deveria proceder com a algália, no entanto traziam más notícias, notícias que eu evitava a todo o custo.
Disseram-me que a Bia estava em extrema agonia e que não havia mais nada a fazer para além da eutanásia. Como eu não quis avançar logo com isso receitaram umas "bombas" para as dores (graças a deus ela iria estar confortável) mas informaram-me que era uma medida MUITO provisória e que a eutanásia deveria ser rápida para evitar prolongar o sofrimento, no máximo esperava pelo resultado da biopsia para confirmar o que eles sabiam e a seguir adormecia a Bia.
Perguntei se não havia hipótese de uma qualquer cirurgia que melhorasse isto e informaram-me que não.
Sai de lá desfeita mas não satisfeita.
Claro que eu não quero que a minha cadela sofra. Isso é mais do que lógico. Mas sentia que a vida dela ainda não tinha acabado! Não era assim que iria acabar.
Nisto lembrei-me do Hospital Veterinário de São Bento.
Há vario anos acolhi um cão muito idoso com um tumor grave na próstata, e que depois de várias opiniões foi-me aconselhado o abate, não só por ser muito velho, como por estas a recuperar de uma pata partida e não ser viável mais nenhuma intervenção porque apenas iria prolongar o sofrimento e a vida numa box de veterinário.
Não contente fui ao Hospital Veterinário de São Bento onde me deram uma hipótese, ele foi operado, o tumor removido e o Gaspar viveu feliz e sem dores o resto dos seus longos dias.
Uns anos mais tarde o cão dos meus avós foi atropelado e a amputação era a solução. Era impossível salvar a pata traseira e a cauda devido ao lastimável estado, novamente não satisfeita fui ao Hospital Veterinário de São Bento, onde operaram a pata e a única coisa amputada foi a cauda. Ele foi tão bem operado que após um ano deixou de coxear.
Após me lembrar de tudo isto fui direta ao Hospital Veterinário de São Bento, completamente desesperada implorar para falar com o Dr. Henrique Armés.
O Dr. Henrique é dos poucos médicos que conheço que faz verdadeiros milagres no que aos animais e às suas vidas diz respeito.
É especialista em cirurgia avançada e faz aos animais quase tudo o que se faz aos humanos, isto é sem dúvida uma ENORME esperança para pelo menos 50% dos casos aconselhados à eutanásia.
Após uma breve conversa vim a saber que haviam pelo menos duas possibilidades cirúrgicas para a Bia, possibilidades essas que para além de impedirem o abate, eliminavam as dores, o tumor e lhe devolvem a vida que outros lhe quiseram tirar.
Logicamente decidi que a Bia ficaria ali e ali seria assistida. Como não sou veterinária deixei a decisão do que fazer nas mãos do Dr.
Quando a fui entregar, um dia após ter saído do Hospital Veterinário do Restelo a algália estava tão mal posta que tinha menos de dois dedos travessos lá dentro, isto significa que para além de ser muito desconfortável e fazer com que ela estivesse permanentemente a tentar urinar, nem chegava à bexiga pelo que não cumpria o seu dever. Mesmo antes de ser internada foi imediatamente retirada a algália e o alívio dela foi tal que não tentou urinar mais.
Passados 3 dias a Bia tinha sido operada e ao que tudo indica o Dr. consegui fazer melhor do que o esperado! Teve de remover toda a uretra e parte da bexiga, neste momento ainda não há certezas de nada mas estão a tentar que ela volte a urinar por si.
Caso isto não aconteça já há um plano B que não necessita de cirurgia e dá-lhe uma vida quase normal, atrevo-me a dizer que será menos normal para mim do que para ela!
Passados 3 dias a Bia tinha sido operada e ao que tudo indica o Dr. consegui fazer melhor do que o esperado! Teve de remover toda a uretra e parte da bexiga, neste momento ainda não há certezas de nada mas estão a tentar que ela volte a urinar por si.
Caso isto não aconteça já há um plano B que não necessita de cirurgia e dá-lhe uma vida quase normal, atrevo-me a dizer que será menos normal para mim do que para ela!

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